Ora, uma das belezas que nos revela a análise etimológica da palavra filosofia é a modéstia com que o filósofo se apresenta: ele não é um sábio, ele é amante da sabedoria. A filosofia não é tanto um saber como uma actividade: a da busca, a do cultivo do saber. O primeiro espanto talvez tenha sido involuntário: mas, quando se torna "amante da sabedoria", o filósofo é alguém que sabe manter viva a capacidade de se espantar. Lá mesmo, onde todo o mundo está instalado, dentro do óbvio mais ululante, o filósofo é aquele que chega e, com toda a espécie de perguntas engraçadas, dá uma sacudidela e faz ver que nada é óbvio, e que tudo é realmente de pasmar! Nada escapa ao seu questionamento: nem bens, nem o homem e as suas instituições, nem as ciências, os seus métodos, os seus resultados, nem os resultados do questionamento filo¬sófico, nem o próprio direito do filósofo de questionar. Filosofia é "saber de todas as coisas" e é saber crítico. Nem ela própria pode escapar ao seu questionamento e à sua crítica.
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